terça-feira, 12 de novembro de 2019

A morte e luto, embora espinhoso deve ser dito.

A inevitável Morte

Nosso costume é que, se uma pessoa vem a falecer fora de seu leito e longe dos seus (Khas v'khalilah) é diferente de quando uma pessoa morre em sua casa, onde é necessário jogar toda a água de consumo da casa fora e todo alimento preparado que está na sala onde está os restos mortais. 
Quando a pessoa morreu em casa, e perecia de uma doença infecciosa a cama deve ser destruída pelo fogo, quando a doença não era infecciosa,  acama deve ser limpa e os lençóis lavados com sabão e a  casa deve ser lavada com sabão.
Deve-se dar um banho no corpo com água, ligeiramente quente adicionado um punhado de sal e sabão, deve-se cortar as unhas, depois de enxuto, deve ser vestido em uma "galabia" aplicado canfora e cravo em pó no corpo e posto em um maca para velório e visitas.

No entardecer ou amanhecer, dependendo do horário da morte, o corpo deve ser envolto no seu manto(talit), ademais enrolado em um sudário e depois deve ser levado  em para uma sepultura cavada em terra por pessoas especialmente treinadas - coveiros, estas pessoas devem purificar-se lavando-se com água corrente e sabão antes do ocaso do sol; depois da purificação eles podem sentar a mesa da aljama. 

O falecido é acompanhado ao cemitério pelo hazan, que entoa preces juntamente com os familiares e membros da aljama.

Depois de enterrado, com 7 dias passados um membro da família, geralmente o primogênito leva a pedra de identificação.

Luto

Nós ficamos em luto profundo por pai, mãe, irmão, irmã, filho, filha, marido e mulher. Quando nós encontramos uma pessoa em luto profundo, nós costumamos dizer "atham Adonai akhrak"-"a grandeza de Deus é sua recompensa".

Durante o luto profundo, o enlutado veste-se com uma galabia cinza escura ou preta, as enlutadas vestem roupas escuras de cor tekhlet, cinza e preto e costumam usar um hijab preto. 
Os enlutados durante o luto intenso costumam rezar na aljama na última fila. Há o costume de ficar de luto intenso por 7 dias após o  sepultamento. As obrigações para pessoas durante o luto intenso são assistir cada serviço da manhã e da tarde na aljama por 7 dias.

O hazan chega antes do pôr-do-sol para os enlutados durante o luto intenso no dia do funeral.

No 7º dia após o funeral o hazan visita as pessoas no tempo de luto profundo, então eles vão juntos para a Aljama. Os parentes e amigos do falecido costumam ir para a Aljama, e após a oração eles voltam para a casa dos enlutados, onde eles preparam um seudah, isto é uma comida; conténdo carne e leite. 
A própria palavra seudah é derivada do verbo saad, que significa sustentar ou apoiar (Gênesis 18: 5, Salmos 104: 5). Ao convidar convidados, trazer os pobres e os solitários e compartilhar a sabedoria e a comida, transforma-se uma refeição em um seudah e une um grupo de indivíduos que se alimentam em uma aljama (comunidade).
Os enlutados no momento de seu luto comem carne pela 1ª vez após os 7 dias de luto, porque durante os 7 dias após o funeral eles não comem carne como um símbolo de tristeza. 

No 1º Shabat após os 7 dias de luto, no nome do falecido e enlutados, as pessoas costumam dar uma oferta em memória da alma falecida, e após o final das orações, os membros da aljama costumam ir na casa dos enlutados, para conversa de conforto aos enlutados e estes costumam oferecer aos membros da comunidade uma bebida alcoólica escura como sinal de tristeza. 
Após os 30 dias do funeral, uma seudáh  também é organizada. Dez meses depois do sepultamento, ou no aniversário, é organizado um hilula, durante esta hilula é servida cachaça boa e branca em vez da bebida escura. 
No Sábado (que caiu a seudah - 30 dias após o sepultamento) depois do serviço religioso, os membros da aljama qaréo com o hazan costumam ir á casa dos enlutados para relembrar a memória do falecido, eles consolam os enlutados. 

Os enlutados oferecem aos membros da comunidade e para o hazzan cachaça clara e refeição. Após esta refeição o luto termina. Quando um parente morrer em uma outra cidade ou estado, o luto profundo inicia-se no dia quando nós ouvimos pela primeira vez sobre um funeral.

Hilulá
O hilulá é uma celebração que é o aniversário da morte de um sadiq, quando a aljama viaja para os betahayim, onde se depara com o kon buto de kantar e meldar, especialmente teilim . Não é banhado em nenhum Eskrito do Talmud ma é muito importante nas aljamas sefarditas de Marroko , Algelia e Tunísia



O termo se deriva do hebraico "hillel", ‘cantar com júbilo’, também raiz da palavra aleluia.

Não tem base nas Sagradas Escrituras israelitas nem tão pouco no talmude, mas entre os judeus magrebís se considera uma parte fundamental da vida social e religiosa.

A hilula é uma visita local, muito similar a tradicional "romaria" espanhola e o "musem" islâmico no al Magrebi.


Se trata de um costume dos israelitas do al Magrebi que não existe em nenhum ramo do judaísmo, exceto o dia de "sigd" entre os falashás etiopês.

A hilula é endereçada a uma tumba de um importante sadiq (‘homem justo’ em hebraico).



Durante um ou vários dias, judeus de toda a região, vão ao túmulo, donde se reza, recita, canta, se bebe "mahiá", a tradicional aguardente marroquí, ou no nosso caso uma boa cachaça kasher, se faz ofertas em dinheiro aos pobres e se faz votos para recuperar la saúde ou a fertilidade.

Também é tradição comprar velas que se lançam a uma fogueira ou um forno aceso próximo da tumba.
Todo o rito tem caráter festivo e alegre. Ainda que ultimamente podem se ver pessoas pedindo bom parto para as mulheres e bom casamento para as jovens que se mostram-se elegantes e a festa se converte em oportunidade de fazer amizades.
No Marrocos se conhecem uns 600 ‘sadiqim’ mas também em Algélia e Túnez se realizavam hilulas. Entre as mais conhecidas do Marrocos se destaca a do rabino português Haim Pinto em Essaouira.
r. Haim Pinto

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