terça-feira, 5 de maio de 2020

Eu tive um sonho...


Sonhei que estava vagueando pelos sertões afora (Nordeste do Brasil), e numa cidade pequena, na caída da noite, senti desejo de fazer minhas orações do erev shabbat. Então, me dirigi ao centro da cidade e para minha surpresa vi, um fluxo de pessoas se dirigindo para um recinto bem próximo da suntuosa igreja matriz daquela cidade.

Para meu espanto, aquelas pessoas se trajavam muito parecido com os crentes evangélicos, diferenciando-se apenas que todos usavam cobertura de cabeça, sendo alguns um kipá e outros um chapéu de massa preto, calças pretas e camisas brancas. Ainda notei que eles usavam franjas brancas em suas cinturas. Se eu não estivesse no sertão, juraria de pé junto, que eu estaria em Higienópolis-SP, bairro com muitos judeus.
Eu não estava vestido assim, minha roupa era típica dos tiozinhos do sertão: apragata nos pés, calça de brim marrom e uma camisa surrada, comprada na pedra do mercado, de cor marrom, solta por fora das calças. A única coisa que me aproximaria, ainda que de longe daquela turba, era um kipá branco, daqueles mais parecido com o dos islâmicos e escondido sob minhas roupas, quatro franjas cor de alho poró, ou cor de grama, ou cor do mar(tekhelet).
Sem pensar em ser defenestrado pela turba, segui em direção a sinagoga, enquanto eu passava por debaixo de um alpendre,  alguém me segurou pelo braço, e com uma voz gentil, me disse: " Vamos rezar conosco, já é quase shabbat". Eu me virei e era um senhorzinho, de uns 70 anos, magro, vestido similar a mim, tinha uma barba branca e comprida, com um olhar amistoso. Até parece um amigo que tempos atrás eu conheci em Pernambuco, da família Araújo, que era Shomer Torá al Kitab; karaíta, no sentido mais puro da palavra. Infelizmente apareceu um rabino missionário e o converteu como um estranho, para religião estranha dos rabinos.

Então eu me dirigi ao recinto que aquele senhor queria que eu fosse...

Era bem próximo do largo da cidade, onde estava a sinagoga dos crentes judeus e onde estava a igreja dos também crentes católicos, sem falar que de lá ouvi uma pregação que se fazia na rua...eram os crentes cristãos protestantes.

Subi então uma calçada desgastada, de cimento queimado e me deparei com uma casa de parapeito quadrado, com alpendre na frente, com forquilhas de aroeira, e caibros de pau-branco, a parede era branca , daquelas rebocada com cal, e pintadas com hidro tinta de cal.  Tinha também com uma barra chapiscada de cor verde. A porta estava aberta e havia luz no recinto, passando por um corredor, na sala do meio da casa estava um grupo de sertanejos homens mulheres e crianças começando a rezar, vi um senhor de idade se prostrar e balbuciar umas palavras, que só consegui ouvir "Yerushalaim"....foi a melhor reza que eu já participei.
A pena que me faz, é que foi um sonho, e quando acordei, vi a realidade e o mal que fazem as conversões de nosso povo Israel, para as religiões estranhas a Torá al Kitab, sejam elas judaicas, islâmicas ou crentes cristã.  

Eu tenho medo de me denominar judeu caraíta, pois a logomarca ou termo "judeu" para nós os filhos dos israelitas do al Andaluz, é uma marca que notoriamente possui "donos" e supostamente "direitos comerciais", que obviamente demandariam "royalties", para os seus proprietários banqueiros, empresários e toda sorte de comerciantes, que segundo o renomado professor Castanheira, Nelson Pereira : " Quem empresta, tem o direito de receber o montante emprestado acrescido de juros compostos". Não se iludam achando que alguém te cede um nome, sem te cobrar nada.

A alJama significa  reunião de pessoas', eram comunidades autônomas (cahal em hebraico) nas quais as comunidades israelitas e judaicas durante a Idade Média na península Ibérica eram agrupadas e que governavam a vida de seus membros, garantindo que seus costumes e moral estejam em conformidade com o que é estabelecido pela religião israelita ou judaica. Entre outras coisas mundanas, ajudava os pobres e fornecia escola para os ensinar os filhos de famílias humildes.

O fato, de os israelitas serem derrotados na Grande Revolta Judaica em 70 d.C., a primeira das Guerra saduceu-romana, e na Revolta rabínica de Bar Qoquiba em 135 contribuiu para os números e a geografia da diáspora, pois uma grande parte da população israelita da Terra de Israel foi exilada e muitas pessoas foram vendidas como escravos por todo o Império Romano.

Desde então, os israelitas começaram a viver espalhados em quase todo os países do mundo, principalmente ao derredor do mar mediterrâneo e nas terras dos sarracenos(Arábia), sofrendo com a escravidão, discriminação, preconceito, opressão, pobreza e até genocídio.

Houve períodos, todavia, de prosperidade cultural, econômica e individual em vários locais, como em Alandalus (Sefarad), até serem novamente perseguidos, convertidos a força, expulsos, degredados, escravizados, pela Berbéria, Bilad el Sudan, ilhas do atlântico, por fim enviados como "colonizadores na marra" para o novo mundo.

Muitos pensam erroneamente, que os autênticos filhos dos israelitas, desejam ser reconhecidos como judeus do judaísmo dos rabinos, muito pelo contrário, Deus nos livre disto.

"Para nós, este suposto reconhecimento, seria nossa assimilação final e estaríamos vinculados a outras tribos dos ben Adam, excluídos da aliança que YHVH fez com nossos pais. "

A nós, pertencem os profetas, as alianças e a esperança de uma dia, quem sabe?"no próximo ano?" voltar para nosso antigo lar, assim como profetizou o nosso querido profeta Abdullah 1.20 (Obadias)
Israel Beitenu! ( Israel é nosso lar!)
"Os exilados de Jerusalém que estão em Sefarad, retornarão!".

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