Um amigo me perguntou se era eu, um qaraíta. Eu respondi que poderia ser para alguns um descendente dos Qaréos Ibéricos, que por lá (em al Andaluz) naqueles tempos tumultuosos (idade media) haviam. Lá também nos chamariam de hereges saduceus. Sou um produto disto, uma espécie de Qaraita independente ou filho de saduceu, e ser chamado de saduceu para mim não é motivo de desonra; muito pelo contrário. Eu tive um pai e avô e bisavô qareó, buso oco, como se chamavam os sem fé no talmude ou nos livros dos nozirim, na época do meu bisavô nos idos de 1890.
Assim como os justos antes de mim, eles tinham orgulho de possuírem uma genealogia PATERNA: Abraão gerou a Isaque, Isaque gerou a Jacó..Levi...Musa ha Nabi..e etc e etc. Eu respondo que eu tenho um pai e eles não tem um (tem uma mãe), portanto são filhos de "goi'amum".
Goiamum, do tupi; caranguejo mulato da terra [Cardisoma guanhumi, Latreille,1828](FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Aurélio Século XXI: Dicionário da Língua Portuguesa, 3ª edição)
Khasvshalom...não quero ser ser filho de goiamum, pois na minha terra(RN) quando uma pessoa era filho de mãe solteira (bar zonah(בן זונה/(ابن العاهرة)), antigamente não aparecia no registro de nascimento o nome do pai, e a pessoa era menosprezada e rotulada de filho de goi'amum, pois aqui na nossa terra todo mundo tem um pai, e o goi'amum não tem um.
Aqui no RN, o costume é chamar a pessoa com sendo fulano, filho de sicrano, como na tradição dos hebreus expressa no miqra'ot ( tanakh).
Ex: José filho de Jacó (Yosef ben/ibn Yakub)
"Eles dizem" na sua "lei de beiços", que um judeu tem que ter uma mãe judia e o pai pode ser qualquer um, tornando assim o cidadão, um filho de "goi'amum", segundo a nossa tradição popular.
"A lei judaica ortodoxa considera judeu todo aquele que nasce de mãe judia ou se converte de acordo com essa mesma lei, segundo o judaísmo rabínico. "
"Como se diz no jargão popular, de boca não vale, só se for preto no branco (por escrito)."Ao contrário, a yahadut karaim considera judeu, o filho de pai judeu...( )
O cantor seridoense (RN) Elin'o Julião já interpretava uma canção popular nos idos da década de 70, que retrata a tradição ibero-saduceu de valorizar a patriarcalidade da família.
A música "Filho de Goiamum" (grafada aqui como o cantor Elin'o Julião pronunciava):
Letra:
É Filho de goiamum
É Filho de goiamum
Todo mundo tem um pai
E eu não tenho um
Eita mundo velho e desigual
Lá pras bandas do Natal mora um amigo meu
Deus que me perdoe mais eu te invejo
Quem vai bem é Zé do Brejo é sorte que Deus lhe deu
Leva a sua vida descansado
Não trabalha no pesado pra homem nenhum
Vive muito bem e de lá não sai
Zé do Brejo tem um pai enquanto eu não tenho um
Veja como eu to prejudicado
Até mesmo o meu noivado a poucos dias teve fim
Minha noiva preparada pro casório
Mais com tanto falatório se zangou e disse assim
É triste a pessoa não ter pai
Pra onde a gente vai só se ouve um zum zum zum
Zé te dana pra tua casa
Que o diabo é quem se casa com filho de goiamum
Vou cortar o mal pela raiz
Eu já fui lá no juiz pra fazer recramação
Antes eu fiquei meio enfezado
Mais eu vi que o magistrado tava cheio de razão
Disse eu to aqui pra lhe atender
To aqui pra resolver o problema de cada um
Filho pra nascer tem que ter pai
Mais você que não tem pai É filho de goiamum...
Desfrute essa bela canção do youtuber, lincado abaixo:
E tão verdade, que a partir de 2015, as mães poderão se dirigir aos cartórios para providenciar o registro de nascimento de seus filhos. A autorização está prevista na Lei 13.112/2015, publicada no Diário Oficial da União. A norma sancionada pela presidente Dilma Rousseff equipara legalmente mães e pais quanto à obrigação de registrar o recém-nascido.
Fonte: Agência Senado
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