segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

A Berbéria esteve por aqui!

Desgraçadamente, com a introdução dos navios à vela e das técnicas europeias de navegação, a partir de meados do século 17, os piratas da Berberia começaram a chegar regularmente às ilhas e às costas europeias do Atlântico, ameaçando a navegação em todo o Atlântico Nordeste.

Para nós, contamos depois da caída do beit sheni:
  • Exílio como servos dos romanos para Sefarad..
  • Anos de relativa paz e prosperidade nas terras dos Godos
  • Chegam os fariseus em Sefarad...
  • Retoma-se a disputa das casas de Shamai e Hilel..
  • Chegam os Islâmicos...
  • Anos de impostos altos [dihimi], e relativa paz....
  • Conversões..
  • A reconquista Cristã
  • Expulsões..
  • Conversões...
  • Servos de novo...
  • Exílio para mais oeste..Novo Mundo.
Nordeste Setentrional do Brasil

Em 1617, piratas de al-Jazā’ir  e Salé lançaram um poderoso ataque ao litoral cantábrico e galego, saqueando e destruindo Bouzas, Cangas e as igrejas de Moaña na Galiza e Darbo., mas uma tentativa de tomada de Vigo foi repelida pela guarnição da cidade.

Mesmo regiões relativamente distantes do Mediterrâneo não estavam a salvo. Na Islândia, em 1627 o pirata Murat Reis almirante corsário albanês islâmico otomano, considerado um dos mais importantes corsários bárbaros, saqueou várias povoações costeiras, incluindo as ilhas Vestmannaeyjar no sul da Islândia, levando consigo 242 prisioneiros, a maioria dos quais morreria em cativeiro. Entre os cativos de Vestmannaeyjar estava o ministro cristão luterano Oluf Eigilsson, que foi libertado contra o pagamento de um resgate e que escreveu em 1628 um detalhado relato da sua experiência. Em Junho de 1631, o mesmo Murat Reis, com piratas de al-Jazā’ir e tropas otomanas, tomou a vila irlandesa de Baltimore, no condado de Cork, capturando a maioria dos habitantes brancos, os quais foram vendidos como escravos no al Magrebi.
ISBN1-84603-240-7

E o que isso tem a ver com israelis qaréos ( saduceus justos)? Tem muito a ver! Pois, muitos de nós foram reduzidos novamente a servidão depois de al Hambra(1492) e para aqueles que duvidam, existe o registo de "cativos brasileiros", entre os islâmicos,  como uma certa Maria, resgatada ao fim de 12 anos com sua filha, ou o padre Romão Furtado de Mendonça ( Livro Os Piratas Da Somália !pg98 - Maria Helena Guedes), ambos regatados junto com outros 365 cristãos pelos frades da Ordo Sanctissimae Trinitatis redemptionis captivorum [Trinitários]. A escravidão e lucro não escolhiam cor da pele, apenas o lucro interessava.
"No primeiro resgate, em 1720, os frades trinitários tentaram resgatar todos os cristãos cativos, mas não o conseguiram, deixando para trás pelo menos 40, que não estavam em al-Jazā’ir  por se encontrarem obrigados a atividades de corso ou simplesmente porque o "bei" não tinha autorizado.
Entre os 365 cristãos resgatados estavam os “brasileiros” padre Romão Furtado de Mendonça, natural do Rio de Janeiro, de 27 anos, Miguel de Sequeira, homem negro, marinheiro, natural do Grão Pará, de 57 anos; Esperança, mulher negra, natural do Maranhão, de 25 anos; e Manuel Tapuia, natural do Grão Pará, de 14 anos, todos eles com um ano de cativeiro.
Possivelmente viajavam num navio charrua – veleiro lento, com grandes porões e armamento reduzido – do Maranhão, que fora aprisionada perto da costa brasileira, e da qual o próprio contramestre, Agostinho de Medeiros e Paiva, de 29 anos, natural da Ilha de São Miguel, nos Açores, também fora resgatado. Houve ainda a libertação de uma certa Maria, mulher preta, natural de Pernambuco, de 26 anos e já com 12 anos de cativeiro. Foi resgatada juntamente com sua filha Josefa, de dois anos, nascida em al-Jazā’ir ."
 "Em 1731 foram resgatados e libertados 193 cativos, dos quais 7 foram trocados por islâmicos. Por falta de dinheiro, os frades deixaram de resgatar outros 24. Neste resgate, entre os cativos provenientes de terras brasileiras estavam o padre Francisco da Rocha Lima, cônego da Sé de Grão Pará, natural de Ponte de Lima, de 42 anos e três de cativeiro. Custou este cativo, em moeda de al-Jazā’ir ,1.771,00 patacas, que correspondia a 1.328$250réis. Inácio Machado, mestre em calafetação, homem preto, filho de Ventura Rodrigues, natural de Sergipe de El Rei, de 23 anos e cinco anos de cativeiro, custou 857 patacas, ou seja, 642$750 réis."
"O último resgate geral do reinado de D. João V ocorreu em 1739 e libertou 178 cativos portugueses, 11 por troca com "mouros" servos perpétuos das galés.
Entre os resgatados do Brasil estava Luísa Maria, mulher negra, natural da Bahia, com 21 anos de idade e dois de cativeiro, e Antônio Fernandes da Silva, marinheiro, natural de Pernambuco, filho de Silvestre Fernandes de Silva, de 27 anos de idade e quatro de cativeiro."
"Entre quase 1.000 cativos resgatados de al-Jazā’ir nesse período, encontramos portugueses da metrópole provenientes das ilhas atlânticas, da costa do al Gharb (sul de Portugal), das cidades de Setúbal, Lisboa, Peniche e outras zonas portuárias portuguesas."
Mas surgiram também cativos já nascidos no Brasil, prova de que saques e atividades dos corsários da Berberia eram realizados em pleno Atlântico e fica claro, que também na costa brasileira, onde havia forte movimentação do "Slave Atlantic Sea" operados pelas cia(s) de navegação, e navios das mais variadas classes, tais como o "Orion", saim dos porto de Guiné, e também do Nordeste Setentrional brasileiro para a Africa. Como se diz, infortunadamente a "mercadoria-escravizados" ia e vinha de uma margem para a outra do atlântico, com fluxo maior as saídas da Africa.

Inglaterra reclamando...
"O comércio de escravos no Atlântico transferiu escravos africanos da África para colônias no Novo Mundo. Grande parte do comércio de escravos seguia uma rota triangular : os escravos eram transportados da África para o Caribe, o açúcar de lá para a América do Norte ou Europa e os produtos manufaturados de lá para a África. Judeus [rabinicos] e descendentes de judeus[rabinicos] participaram do comércio de escravos nos dois lados do Atlântico, na Holanda, Espanha e Portugal no lado oriental, e no Brasil, Caribe e América do Norte no lado oeste." -Wiznitzer, Arnold, Judeus no Brasil Colonial , Columbia University Press.

Hoje, alguns tentam tapar a sujeira(barro na parede) da história, e tentar reescrever com tons mais rosa, mas o que foi feito, foi feito, o que se pode fazer é perdoar.

"Quem vive da mentira deve temer a verdade!"
(Friedrich Christian, Príncipe de Schaumburg Lippe)

No próximo post, falaremos sobre os Barbosas! 

Nenhum comentário:

Postar um comentário